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Quem é Chiharu Shiota?

Oi! Esta é a primeira vez que publico um post em português por aqui, mas definitivamente não será a última. Como já comentei em alguns posts anteriores, este ano o blog está passando por algumas mudanças, e uma das novidades deste ano é que o conteúdo já não será somente em inglês. Essa novidade tem muito a ver com vocês, meu público, tenho muitos leitores de países lusófonos e francófonos. E agora, deixemos de lado as introduções e vamos ao que realmente nos interessa. O post de hoje é dedicado a um dos grandes nomes do cenário contemporâneo, a japonesa Chiharu Shiota. Espero que curtam!

Where are we going? (Photo by Natasha Moura)

Chiharu Shiota, é a artista que vem conquistando o público com suas instalações imersivas em várias exposições ao redor do mundo, solo ou com outros artistas. Uma das mais comentadas nos últimos meses é a sua exposição solo em Paris, no Grand Palais, que começou em dezembro de 2024 e vai até março deste ano, chamada The soul trembles.

Chiharu Shiota é uma artista japonesa nascida na cidade de Osaka, e conhecida principalmente pelas suas instalações e performances. Estudou no Japão, na Austrália e também na Alemanha, onde mora desde 1996. Na sua obra Shiota entrelaça muito bem a materialidade com a percepção psíquica do espaço para explorar ideias em torno do corpo e da carne, narrativas pessoais que envolvem memória e território.

Formação

Sem dúvida, entre as suas obras mais famosas estão as grandes instalações que consistem em redes deslumbrantes, intrincadas de fios que se estendem por salas inteiras, e que a fizeram ganhar fama nos anos 2000. Shiota já expôs em todo o mundo e continua fazendo. Ela fez sua estreia no Japão na Trienal de Yokohama em 2001 com Memory of Skin e representou o Japão na 56ª Bienal de Veneza em 2015.

Memory of skin (Photo: Pinterest)

A obra de Shiota conecta vários aspectos das performances artísticas, esculturas e práticas de instalação. Algumas das suas obras mais conhecidas são as instalações imersivas que estão constituídas por vastas teias de fios ou mangueiras que tomam todo o espaço da sala, conectando redes abstratas com objetos concretos do cotidiano, como chaves, caixilhos de janelas, vestidos, sapatos, barcos, malas.

Tudo tem um significado: cores, materiais e lugares

Seus primeiros trabalhos incluem performances, muitas delas foram registradas em fotografias e vídeos. Em seus primeiros trabalhos, quando ainda estudava na Universidade Seika em Kyoto, vemos elementos que vão estabelecer uma base para a sua futura criação, como em From DNA to DNA, ou em Becoming Painting, ambos trabalhos de 1994 e nos quais a artista usa elementos como fios de lã.

From DNA to DNA (Photo by Natasha Moura)

Os materiais e as cores carregam significados particulares no seu trabalho, no qual o sangue menstrual é utilizado como material artístico e os fios de lã na cor vermelha passam a significar as relações humanas. Tubos finos de plástico cheios de líquido semelhante ao sangue também são usados de maneira ocasional para sugerir o suporte umbilical de um corpo, simbolizando a nutrição e o início de uma nova vida. São estes detalhes que fazem com que algumas pessoas possam perceber o seu trabalho como visceral.

Becoming painting (Photo by Natasha Moura)

Os lugares têm uma grande importância no seu trabalho, Shiota está muito interessada na relação existente entre psique e espaço. Suas instalações que utilizam fios se desenvolveram a partir de uma experiência da artista se movimentando entre lugares, e o desejo de cobrir os seus pertences para assim marcar um território pessoal, exemplos disso podem ser suas instalações A Room of Memory (2009) ou Memory of Skin (2005).

Room of Memory (Photo: Pinterest)

O conjunto da obra de Shiota é sem dúvida inspirador, mas na minha opinião, talvez o mais fascinante seja a capacidade que os seus trabalhos têm de evocar ideias como ansiedade, identidade, perda e memória. Uma evocação direta, mas muito poética e cheia de beleza.

Room of windows detail (Photo by Natasha Moura)

House of Windows

Em Berlim, Shiota encontrou uma cidade com várias relíquias ideológicas e culturais, que persistiram às guerras. Ela chegou à capital alemã em 1999, momento em que a tensão política estava enfraquecendo e no qual a cidade começou a se transformar em um importante centro econômico e comercial. Apesar de se sentir fascinada pelo renovação da paisagem urbana e o movimento das mesma, Shiota também se sentiu atraída pela parte histórica e esquecida da cidade. Ao longo de vários anos ela coletou centenas de janelas antigas que encontrava em canteiros de obras na zona da antiga Berlim oriental, sentia uma grande curiosidade sobre como os moradores dos dois lados do muro viviam. Foi assim que surgiu House of Windows (2005), que foi exibido primeiro em um exposição individual da artista em Berlim, e mais tarde na 3ª Trienal de Arte Asiática de Fukuoka, no Japão.

House of windows (Photo: Pinterest)

A obra apresenta uma delicada montagem de aproximadamente duzentas janelas dispostas no formato de uma casa. Shiota usa as janelas como a pele que separa a carne do copo e o mundo exterior, explorando assim os limites físicos da cidade e ao mesmo tempo traçando um paralelo entre o corpo humano e o mundo urbano, e, portanto, os limites interpessoais. Nesses seus primeiros anos em Berlim, Shiota se mudava com frequência, e esse deslocamento se tornou parte da sua vida.

A través da criação de obras como esta, ela investiga o seu meio, e como isso lhe afeta, pois estava cultural e artisticamente longe de tudo o que lhe era familiar. House of Windows pode ser descrita como uma habitação frágil que evoca os limites entre o pessoal e o histórico por meio de narrativas visuais que foram sendo incorporadas em objetos usados.

Curiosidades:

Silent Concert (Photo by Natasha Moura)
  • Segundo algumas fontes, ela sabia que queria ser artista desde os 12 anos de idade.
  • Em Berlim, Shiota foi aluna de Rebeca Horn e de Marina Abramović. Tanto que ela reconhece a influência desta última nos seus anos de formação.
  • Chiharu Shiota já criou trabalhos em colaboração com coreógrafos e compositores como Toshio Hosokawa, Sasha Waltz e Stefan Goldmann.
  • Shiota se refere ao trabalho de Christian Boltanski como uma fonte de inspiração para algumas de suas instalações.
  • Em algumas instalações, principalmente nas de grande escala, a artista integra o uso de objetos pessoais, como por exemplo, sapatos; que lhe foram dados por outras pessoas.

Referências:

Accumulation – Searching for destination (Photo by Natasha Moura)
  • Chiharu Shiota’s web
  • Artsy
  • Wikipedia
  • About images: some of them are from Pinterest (it’s indicated below each image); all other images are mine, if you want to use them, please contact me for permission.

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